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Visita em Viagem
Tomar, 24/02/2016
O Convento de Cristo recebe, até julho, o espetáculo "Visita em Viagem", que junta o teatro à música, levando o espectador por uma visita guiada ao monumento, "uma vertiginosa expedição à mitologia simbólica da História de Portugal, onde se cruzam os mais emblemáticos recantos deste paraíso maravilhoso de pedra com os mais excelentes e extraordinários acontecimentos da História do Ser português."
"Visita em Viagem" é encenada por João Mota e produzida pelo Coro Canto Firme de Tomar.
João Mota e o Coro da Canto Firme propõem-nos "o arroubo imaginário que puderdes recriar sobre o prodígio da epopeia, que nem Luís de Camões teve necessidade de inventar. É uma saga fantástica, mas real. É uma iniciação que irrompe na luminosa alvorada medieval da formação desta nossa nacionalidade dia a dia mais crepuscular e nos confia os segredos da purificação da luz que se precipita sobre as trevas do conhecimento e nos redime dos caminhos da displicência e da perdição."
Narram-se acontecimentos, descrevem-se mentalidades e criam-se os momentos de reflexão que oscilam da literatura dramática para o monumento, entre um real que é histórico e um imaginário do presente, tantas vezes falso quantas inconsciente.
Os textos são excertos literários, recolhidos entre algumas pérolas da poesia e do teatro português, também eles compostos numa longa jornada que arranca o viajante da Idade Média e o transporta à Idade Contemporânea. Dom Dinis, Gil Vicente, Luís de Camões e António Ferreira abrem-lhe o caminho que o conduz por Hermano Saraiva a Abel Neves, Hélder Costa, Joaquim Nunes, António Torrado, Sofia de Melo Breyner, Natália Correia e Fernando Pessoa.
As músicas combinam obras portuguesas selecionadas entre a linguagem coral e instrumental da Idade Média ao século XVII, com algumas jóias poéticas da literatura portuguesa, postas em música coral por António de Sousa, propositadamente composta para este espetáculo.
A representação decorre ao longo de um cortejo dirigido por um mordomo, segundo itinerários adequadamente musicados à circunstância que liga o contínuo das sucessivas cenas estacionárias, onde os músicos e os atores orientam o viajante no universo mágico da História misticamente entreaberta na filigrana de pedra do Convento.
A meio, purificam-se as almas que se amam e desvendam-se episódios tão ignóbeis como a tragédia de Alcácer Quibir, e tão ternurentos como a arrebatada paixão de Pedro e Inês, a cujo enlevo, tão puro e real, nem o artifício shakespeariano de Romeu e Julieta se pode comparar.
E a remate desse meio é outra viagem. Nesta, de natureza gastronómica, alimentam-se os corpos esvaídos de onde os espíritos se elevam e extasiam. E o público, convidado a atuar como comensal, é desafiado a participar na ceia e nas peripécias e tumultos engendrados e figurados pelos intérpretes, antes de regressar ao trajeto, que para o destino final ainda haverá muito que porfiar.
Os atores, instrumentistas, cantores e coralistas são elementos do Coro e Conservatório de Artes Canto-Firme, que também assegurou a produção, realização e promoção do espetáculo, bem como a preparação, a confeção e o serviço da ceia.
O espetáculo, que foi concebido e dirigido pelo encenador João Mota, assinala o seu regresso ao Convento de Cristo onde encenou vários espetáculos e marca também o retorno do Coro Canto Firme à realização de atividades regulares neste monumento classificado pela Unesco como Património da Humanidade.
Para mais informações, contacte: geral@cantofirme.pt,
249 314 251, 935 635 254.