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Hidráulico

SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA, NO CONJUNTO MONUMENTAL DO CONVENTO DE CRISTO

Olhar o conjunto monumental do Convento de Cristo na óptica dos seus Sistemas de Abastecimento e Distribuição de Água, e de Drenagem e Tratamento dos Esgotos, implica, no caso dos sistemas de abastecimento e distribuição de água que os vejamos na perspectiva, por um lado, do que existia até ao século XVII, e por outro, do que passou a existir a partir do século XVII, sendo que os dois se vieram a tornar complementares, e no caso do sistema de drenagem e tratamento dos esgotos, implica que tenhamos em conta a interligação então existente entre o Convento e a sua Cerca Conventual, hoje designada de Mata dos Sete de Montes.

No conjunto monumental do Convento de Cristo, no que respeita ao abastecimento de água, existem duas realidades temporais: - uma antes da construção do Aqueduto dos Pegões, e outra após a construção do Aqueduto, as quais, para serem compreendidas, deverão ter em linha de conta a interligação entre o Castelo, o Convento e o Aqueduto.


SISTEMAS DE ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA.

O ABASTECIMENTO DE ÁGUA ATÉ À CONSTRUÇÃO DO AQUEDUTO DOS PEGÕES

Até à construção do Aqueduto dos Pegões, o abastecimento de água ao Convento de Cristo, e respectivos espaços exteriores, assentava totalmente no aproveitamento das águas das chuvas, com todos os inconvenientes inerentes ao arrastamento dos detritos acumulados nos telhados, águas essas que eram armazenadas nas inúmeras Cisternas existentes, quer no Castelo, quer no Convento, quer ainda nos seus espaços exteriores.

De facto, desde a construção do castelo Templário, e em todas as épocas ao longo das quais se foi processando a ampliação do edificado, foi sempre tomada a opção de que as novas edificações assentassem na construção prévia de uma Cisterna, o que faz com que este conjunto monumental, no caso o Castelo e o Convento, possuam uma enorme diversidade de Cisternas, designadamente, e por ordem cronológica da sua edificação, a Cisterna do Castelo, do século XII, a que se seguiram, no século XV, a Cisterna do Pátio da Botica, a Cisterna do Jardim e as Cisternas dos Claustros do Cemitério e da Lavagem, e no século XVI, as Cisternas dos Claustros da Hospedaria, da Micha e dos Corvos, e, por último, a Cisterna do Claustro das Necessárias.

No conjunto dos Claustros do Convento de Cristo, apenas o Claustro de Santa Bárbara e o Claustro Principal, ou de Dom João Terceiro, não assentam sobre qualquer Cisterna. Todos os outros Claustros do Convento, ou têm uma Cisterna sob o centro do seu espaço interior, como sejam os Claustros da Lavagem, do Cemitério, dos Corvos, da Micha e das Necessárias, ou possuem uma Cisterna debaixo de uma das suas alas, como seja o caso do Claustro da Hospedaria, em que a Cisterna se localiza sob a sua ala nascente.

Por outro lado, todas as Cisternas, sem excepção, representaram uma enorme preocupação, ao longo de todas as épocas, em aumentar sempre a capacidade armazenamento de água.

Mas para além disso, algumas das Cisternas, inclusivamente pela sua localização, representavam também uma clara identificação com a função dos espaços que lhes eram adjacentes. Enquadram-se neste aspecto não só a Cisterna do Claustro da Lavagem, como as Cisternas dos Claustros da Hospedaria, pela sua proximidade com as Cavalariças, a Cisterna do Claustro dos Corvos, pela sua proximidade com a Cozinha, a Cisterna do Claustro da Micha, pela sua proximidade com a Casa do Forno, e, por último, a Cisterna do Claustro das Necessárias, pela sua particular proximidade ao Bloco das Necessárias, com as suas latrinas e dependências de higiene pessoal dos habitantes dos espaços conventuais.
 
O ABASTECIMENTO E A DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA A PARTIR DO SÉCULO XVII

Com a construção do Aqueduto dos Pegões, no século XVII, o Convento de Cristo passou a dispor de água totalmente potável, uma vez que esta era trazida, a partir das nascentes até ao Convento, em conduta, toda ela coberta de lajes de pedra.

O Aqueduto, e consequentemente a água por ele trazida, tem como principal ponto de chegada ao Convento o canto poente da fachada sul do Claustro Principal, piso superior, onde se localiza o denominado Depósito do Claustro Principal.

Até lá, entre a chegada ao Convento por poente, em que o Aqueduto foi adossado à fachada sul do edificado, e a entrada no Depósito, vão existindo algumas distribuições pontuais de água, à vertical, como sejam uma no canto poente do Claustro dos Corvos, no piso inferior, outra na ala sul do mesmo Claustro dos Corvos mas no seu piso superior, ou ainda outra no piso inferior do Claustro Principal, em dependência anexa ao Refeitório dos Freires.

Mas a água que chegava pelo Aqueduto dos Pegões ao Depósito do piso superior do Claustro Principal do Convento não abastecia apenas o Grande Lavatório do Corredor do Dormitório que lhe é adjacente. De facto, para além de alimentar o Grande Lavatório, a água do Depósito do piso superior do Claustro Principal descia à vertical, para o piso inferior, indo, em canalização subterrânea, alimentar a Fonte.

Por sua vez, a Fonte do Claustro Principal, na sua base, possui dois descarregadores de fundo, e subsequentes canalizações subterrâneas em pedra, designadamente:
Um descarregador de fundo, no lado sul da base da fonte, a que se segue uma conduta subterrânea dirigida a sul, a qual permite a condução da água da Fonte do Claustro para os jardins e para as hortas,
Outro descarregador de fundo, e respectiva conduta, para norte, a qual permite a condução da água da Fonte do Claustro Principal para o Claustro de Santa Bárbara, e deste para o Claustro da Hospedaria. Estes descarregadores de fundo da Fonte, e respectivas canalizações subterrâneas em pedra, permitiam proceder à partição da água entre, por um lado, as hortas e jardins a sul, e por outro, a cisterna do Claustro da Hospedaria a norte, concretizando assim, em termos de abastecimento e distribuição de água aos espaços conventuais, a complementaridade do uso das Cisternas com o uso da água do Aqueduto.

Assim sendo, a água da Fonte do Claustro Principal, que em canalização subterrânea ainda existente era conduzida para o terraço sul sobre o criptopórtico, era aqui armazenada em depósito, entretanto retirado, e deste, por caleiras de pedra, conduzida para os jardins e hortas. Em alternativa, a água podia ainda ser conduzida para norte, atravessando em canalização subterrânea os Claustros de Santa Bárbara e da Hospedaria onde mais uma vez era prevista a sua bifurcação.

Aqui, no centro do Claustro da Hospedaria, a água ou seguia para norte, em cuja ala se situavam as cavalariças, ou para nascente onde por fim a água sobrante era armazenada na Cisterna localizada na ala nascente do referido Claustro.

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